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  • Foto do escritorDulce Ribeiro

Tempo de pedir ajuda

Dez entre dez brasileiros preferem feijão. Eu não fujo a regra, mas sempre preferi o dos outros. Nunca fiz feijão e a panela de pressão que tenho, há um ano apenas, estava bem guardada.


Pensei em desistir, antes mesmo de iniciar, mas a etapa do “feijão de molho” no dia anterior, eu já tinha cumprido. E agora? Por que criar uma situação nova em casa em tempos de isolamento e vulnerabilidade? Lembrei de uma vizinha cuja panela explodiu, minha mãe contava isso. Pensei nos hospitais lotados e eu desafiando o atendimento de emergência por egoísmo, por não ter nada melhor para fazer - “por que inventar moda?”, repetiu a minha mãe dentro de mim.


Cravei a faca da crítica no meu peito, misturei com o medo de tudo dar errado e comparei com o quanto eu estava com vontade de experimentar esse desafio e fui para o Google: “Como fazer feijão, receita fácil, panela de pressão”. E logo entrou uma música maravilhosa, o cenário de uma cozinha linda e a Rita Lobo, a panela de pressão, o feijão e o jeito mais simples e acessível de compartilhar um conhecimento dito básico.


Além de aprender a cozinhar o feijão, a cortar a cebola, o alho, a medir o azeite, a água, o fogo, eu me senti a pessoa mais importante desse mundo. Minha ignorância foi festejada e acolhida.


Tudo para dizer que pedir ajuda é se permitir uma negociação com o medo de errar e a autocrítica. Por causa disso entrei em contato com o entusiasmo (Théos – Deus), sentimento de aprender algo novo. Agora estou em outro patamar: o feijão ficou Divino.

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