O silêncio tem eloquência. Essa afirmação da jornalista Claudia Laitano, em sua coluna
no jornal Zero Hora me fez refletir. Ao comentar sobre a empatia e a autêntica consideração
da jovem primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern em relação aos familiares das vítimas
do massacre de Christchurch, que matou 50 pessoas, a colunista diz que “só os verdadeiros
líderes são eloquentes até mesmo quando guardam um minuto de silêncio”.
Pessoas que conseguem controlar o tom da sua voz adequando-o ao momento, assim
como identificar a hora precisa de dizer algo e, também, de não dizer, estão se destacando em
ambientes não conservadores e tradicionais. Isso significa que ser contemporâneo e liderar
pessoas hoje em dia envolve mudanças de comportamento até então não valorizadas. Há um
bom tempo quem mais alto falava conseguia o respeito (medo) do grupo e ainda era
promovido. O chefe era quem tinha sempre a última palavra, mesmo que fosse para dizer
qualquer besteira, mas seu compromisso era encerrar com alguma fala conclusiva. A
hierarquia verbal também estava atrelada ao conhecimento: “quem fala mais é porque sabe
mais”, acreditavam os líderes e seus subordinados.
Há um novo comportamento sendo admirado, no qual o ”silêncio vale mais do que mil
palavras”, o que pode significar respeito pela fala do outro e uma competência a ser
adquirida.
Estamos cansados de dialogar como “sequestradores de conversas”, aqueles que
interrompem quem está falando para contar algo de si mesmo, considerado mais importante.
“Desculpa te interromper”, ainda fala o sequestrador mais educado e politicamente correto.
Silenciar e “ouvir” a necessidade de um indivíduo ou de um grupo passa a ser um diferencial
na gestão que busca respeito e confiança do time.