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  • Foto do escritorDulce Ribeiro

Controle

A tecnologia aproxima. Podemos  ver à distância, sem estarmos presentes. Os filhos na escola com câmeras. Os pais, no trabalho, em qualquer lugar do mundo, acompanham o que acontece. Há lista de espera para matrículas nesse tipo de instituição. Já é um pré-requisito, um diferencial de marketing, a escola com câmeras. Não são escondidas, mas têm o objetivo de vigiar e, quem sabe, punir. Michel Foucoult que pensou sobre isso.


Nós precisamos vigiar. O BBB é um bom exemplo disso. Ver o que acontece com os outros, fora do nosso campo de visão é uma das mais importantes conquistas tecnológicas para controlar a vida de quem quer que seja. Os detetives devem ter perdido um tanto do mercado com isso. Seu trabalho, quase artesanal, ficar de tocaia por horas a fio, pode ser substituído por câmeras escondidas. Elas estão em todas as partes. Nas entradas de prédios, estádios, shoppings, estacionamentos, estradas, elevadores, empresas e até no estoque de algumas lojas. Algumas ações trabalhistas já foram ganhas por denúncia de presença de câmeras nos vestiários de funcionários. Voyerismo de patrões desajustados? Controle do roubo? Não importa, elas controlam a intimidade.


O controle está disfarçado em necessidade de segurança. Olhar o que acontece é seguro e causa constrangimento para quem quiser fazer algo proibido ou fora das regras. Vigiar e punir.

Sou contra câmeras em escolas e também tenho as minhas dúvidas sobre a sua eficácia em  lugares públicos.


Agora, pensar nisso de outra forma é imaginar o que as câmeras enxergam, ali paradas todo o tempo, que a gente não vê, mas poderia ter visto se não vivesse tão alienado da realidade.


O que pode estar acontecendo no mundo enquanto a gente vive?

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